domingo, 30 de abril de 2023

Lone Scherfig - “Heróis da Nação” / “Their Finest”


Lone Scherfig
“Heróis da Nação” / “Their Finest”
(Grã-Bretanha/Suécia/França – 2016) – (117 min./Cor)
Gemma Arterton, Sam Claflin, Bill Nighy, Jeremy Irons.

Estamos perante um filme de uma enorme actualidade tendo em conta como os media abordam as imagens dos conflitos no mundo e muito em especial a forma como os acontecimentos da guerra na Ucrânia surgem tratados de forma bem cinematográfica.


Recorde-se que durante conflitos como a Guerra de Espanha, Segunda Grande Guerra, Vietname entre outros, foram alguns os cineastas que foram para o terreno para registar os acontecimentos originando posteriormente o nascimento de filmes que virão a marcar decididamente a História do Cinema.


Por outro lado o denominado cinema de propaganda ofereceu durante a Segunda Grande Guerra um contributo enorme no esforço de guerra e informação junto da opinião pública levantando a moral, como sucedia com a série "Why We Fight", que tinha direcção do cineasta Frank Capra.


Tudo isto vem a propósito deste extraordinário filme intitulado “Heróis da Nação” / “Their Finest”, que nos conta a história de uma secretária que se torna argumentista de filmes de propaganda, numa pequena equipa de produção inglesa durante o período em que a aviação Nazi bombardeava a ilha que nunca se rendeu. As interpretações estão acima de qualquer suspeita, basta verem os nomes, ao mesmo tempo que se confirma que Gemma Arterton é uma das maiores actrizes da sua geração.


A cineasta dinamarquesa Lone Scherfig oferece-nos um filme onde tudo é perfeito. "Heróis da Nação" / "Their Finest" respira cinema por todos os fotogramas!

Rui Luís Lima

M. Night Shyamalan - “A Vila” / “The Village”


M. Night Shyamalan
“A Vila” / “The Village”
(EUA – 2004) – (108 min./Cor)
Sigourney Weaver, William Hurt, Adrian Brody, Bryce Dallas Howard.

“The Village” / ”A Vila” realizado por M. Night Shyamalan é um daqueles filmes que pretende no final deitar o espectador da cadeira abaixo mas infelizmente, devido à forma como a acção se desenrola e a insistência do cineasta em fazer aparições à Hitchcock, leva a interrogarmo-nos sobre essa questão tão simples: será que Alfred Hitchcock tem herdeiros?


Mas regressando a “The Village” / “A Vila”, onde um grupo de intelectuais, descontentes com o mundo em que vivem, decide criar o seu próprio universo, escondendo dos seus progenitores, o mundo exterior, surge assim como uma espécie de “macguffin” do seu realizador, M. Night Shyamalan, terminando por se encontrar bem distante dessa famosa Arte do Suspense com que Alfred Hitchcock encantou as plateias de todo o mundo.

Rui Luís Lima

M. Night Shyamalan - “O Sexto Sentido” / “The Sixth Sense”


M. Night Shyamalan
“O Sexto Sentido” / “The Sixth Sense”
((EUA -1999) – (107 min./Cor)
Bruce Willis, Haley Joel Osment, Toni Collette.

Sete anos depois da sua estreia na realização, M. Night Shyamalan deixava as plateias de cinema “boquiabertas” com esta película, cujo argumento é também da sua responsabilidade.


Por outro lado assistíamos à estreia de um jovem actor chamado Haley Joel Osment, que irá ter o ponto mais alto da sua carreira no famoso filme de Spielberg / Kubrick, “A.I, - Inteligência Artificial”, sem dúvida alguma o maior desempenho deste jovem actor, que entretanto cresceu e…

Rui Luís Lima

sábado, 29 de abril de 2023

Laura Israel - “Não Pestanejes – Robert Frank” / “Don’t Blink – Robert Frank”


Laura Israel
“Não Pestanejes – Robert Frank” / “Don’t Blink – Robert Frank”
(Canada/França/EUA – 2015) – (82 min./Cor – P/B)
Robert Frank, June Leaf.

Laura Israel tem trabalhado ao longo dos anos na área do documentarismo e da “vídeo music” e assim foi com naturalidade que lhe surgiu o desejo de realizar um filme sobre um dos mais célebres cineastas independentes, no verdadeiro sentido da palavra, Mr. Robert Frank.


Ao longo de mais de uma hora acompanhamos Robert Frank e os seus filmes, as suas fotos e a sua escrita emblemática. Este Suíço radicado na América, apaixonado pela fotografia ofereceu-nos um dos mais apaixonantes retratos da América e dos Americanos, desde a geração Beat, até ao Rock, passando pelos Pops e diversas gerações que marcaram decididamente a segunda metade do século XX.


“Não Pestanejes – Robert Frank” de Laura Israel é uma bela viagem por esses tempos conduzida por quem melhor a conheceu: Robert Frank!

Rui Luís Lima

Justin Zackham - “O Grande Dia” / “The Big Wedding”


Justin Zackham
“O Grande Dia” / “The Big Wedding”
(EUA – 2013) – (89 min./Cor)
Robert De Niro, Diane Keaton, Susan Saradon, Robin Williams.

Justin Zackham, o responsável por esta interessante comédia, pertence à categoria de argumentistas que passaram à realização, continuando a assinar os seus argumentos, devido ao sucesso comercial obtido. E se para a maioria o seu nome é desconhecido, se dissermos que ele é o argumentista do genial “Nunca é Tarde Demais” / “The Bucket List” que teve em Jack Nicholson e Morgan Freeman os protagonistas, sendo a realização assinada pelo conhecido Rob Reiner, alguns irão fixar o nome de Justin Zackham.


Com este “O Grande Dia” / “The Big Wedding”, o realizador / argumentista Justin Zackham oferece-nos uma película onde a comédia se encontra bem presente, contando com um naipe de actores bem conhecidos do grande público e que nos oferecem excelentes interpretações: Robert de Niro, Diane Keaton, Susan Sarandon e o saudoso Robin Williams, na figura do padre que escuta umas confissões bem “perigosas”…


Depois temos o retrato de duas gerações bem distintas e o habitual confronto entre pais e filhos e a forma como ambos encaram a vida, com os inevitáveis casamentos e separações ou seja a célebre caminhada pelo território da paixão, com os habituais acidentes de percurso mas que, nas mãos seguras do amor, termina sempre por chegar a porto seguro, mesmo quando as suas origens são bem diferentes, sejam elas sociais ou religiosas.


“O Grande Dia” / “The Big Wedding”, embora distante do célebre “Um Casamento” / “A Wedding” de Robert Altman, uma película incontornável neste sub-género, revela-se uma agradável comédia, que recomendamos!

Rui Luís Lima

Lars von Trier - “Dogville”


Lars von Trier
“Dogville”
(Holanda / Dinamarca / Grã-Bretanha / Finlândia / Suécia / Alemanha / / Itália / Noruega – 2003)
(178 min./Cor)
Nicole Kidman, Paul Bettany, Lauren Bacall, Jean-Marc Barr.

Quando Lars von Trier decide “despojar” um filme de todos os seus elementos habituais, partindo para uma proposta radical de Cinema, com um argumento bem carpinteirado e uma actriz de Hollywood no elenco chamada Nicole Kidman e uma “star” do cinema clássico chamada Lauren Bacall, nasce “Dogville”!


Nicole Kidman entusiasmou-se tanto com Lars von Trier e o seu radicalismo, que até assinou contrato para três filmes, segundo os mesmos princípios estéticos do cineasta dinamarquês, mas depois ao regressar a Hollywood, arrependeu-se e ficou-se apenas por este “Dogville”, para um dia o recordar nas suas memórias.

Rui Luís Lima

Lasse Hallstrom - “Chocolate” / “Chocolat”


Lasse Hallstrom
“Chocolate” / “Chocolat”
(EUA / Grã-Bretanha -2000) – (121 min./Cor)
Juliette Binoche, Judi Dench, Alfred Molina, Lena Olin, Johnny Depp, Carrie-Anne Moss.

Quando o cineasta sueco Lasse Hallstrom surgiu com este belo e inesquecível “Chocolate” / “Chocolat”, baseado no best-seller da escritora Joanne Harris, o seu nome já era bem conhecido devido ao seu filme anterior “As Regras da Casa” / “The Cider House Rules”, baseado no famoso livro de John Irving, que iria conquistar dois Oscars, um para o actor Michael Caine e outro precisamente para John Irving, pelo espantoso argumento e poderemos afirmar que aqui nascia um cineasta.


Lasse Hallstrom no seu filme seguinte, iria conduzir-nos até ao ano de 1959, para entrarmos nesse ambiente fechado da província francesa, que irá ser confrontado com a chegada da “estranha” Vianne Rocher (Juliette Binoche) com a seu pequena filha, que ao abrir a sua loja de doçaria, termina por transformar a vida dos habitantes daquela pacata aldeia, que lentamente irão ser seduzidos por esse sabor e aroma a chocolate invasor das suas vidas em pousio.

Rui Luís Lima

Kevin Macdonald - "Ligações Perigosas" / "State of Play"


Kevin Macdonald
"Ligações Perigosas" / "State of Play"
(EUA/Grã-Bretanha/França - 2009) - (127 min./Cor)
Russell Crowe, Rachel McAdams, Ben Affleck, Helen Mirren.

Quando o nome do argumentista é Tony Gilroy e o cineasta Kevin Macdonald sabemos de imediato que estamos perante um filme a não perder e depois ainda temos um elenco que cumpre neste filme onde o jornalismo e a política se encontram em barricadas diferentes, numa película que se recomenda a quem gosta da liberdade de Imprensa fora da alçada política.

Rui Luís Lima

Laurent Tirard - “Astérix e Obélix ao Serviço de Sua Majestade” / “Asterix et Obélix: Au service de sa Majesté”

Laurent Tirard
“Astérix e Obélix ao Serviço de Sua Majestade” / “Asterix et Obélix: Au service de sa Majesté”
(França/Espanha/Itália – 2012) – (110 min./Cor)
Gérard Depardieu, Dany Boon, Edouard Bauer.

Laurent Tirard, que ficou bem conhecido do público depois da excelente adaptação cinematográfica que fez das aventuras do “Menino Nicolau”, a célebre e divertida personagem criada por Renè Goscinny, que nos livros era sempre bem acompanhada pelos desenhos de Sempé, surge agora como responsável por esta nova aventura de Astérix e Obélix em terras britânicas, no entanto o famoso efeito surpresa começa a desaparecer ao fim de alguns minutos e por vezes terminamos por adivinhar os gags que irão surgir no écran.

Rui Luís Lima

Lee Toland Krieger - "A Idade de Adaline" / "The Age of Adaline"


Lee Toland Krieger
"A Idade de Adaline" / "The Age of Adaline"
(EUA/Canada - 2015) - (112 min./Cor)
Blake Lively, Michiel Huisman, Harrison Ford, Ellen Burstyn, Kathy Baker.

Numa época em que poucas surpresas estão reservadas aos cinéfilos, pelo cinema contemporâneo, "A Idade de Adaline" termina por se revelar uma bela surpresa. Em exibição no pequeno écran da caixa que mudou o mundo!

Rui Luís Lima

Laurent Tirard - "O Quebra-Corações" / "Le retour du héros"


Laurent Tirard
"O Quebra-Corações" / "Le retour du héros"
(França / Bélgica - 2018) - (90 min./Cor)
Jean Dujardin, Mélanie Laurent, Noémie Merlant, Féodor Atkine

Estamos em França na época do Império e nesse dia do ano de 1809, o Capitão Neuville (Jean Dujardin) é chamado para partir para a frente de batalha, no dia em que iria pedir em casamente a jovem Pauline (Noémie Merlant) e nunca mais irá dar noticias. Ela desespera e a irmã decide escrever-lhe em nome dele criando uma verdadeira personagem de ficção. até chegar o dia em que se cruza com ele e descobre que está perante um simples desertor do campo de batalha, arruinado mas com um enorme poder imaginativo.


Laurent Tirard, o célebre cineasta dos filmes do "Petit Nicolas", leva-nos às lágrimas devido à empatia do par Jean Dujardin e Mélanie Laurent, que nos oferecem uma bela comédia romântica, graças a um argumento, escrito na boa traição clássica.

Rui Luís Lima

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Julian Schnabel - “Basquiat”


Julian Schnabel
“Basquiat”
(EUA – 1996) – (107 min./Cor)
Jeffrey Wright, Michael Wincott, David Bowie, Benicio Del Toro.

Ao longo da sua vida, David Bowie sempre revelou um enorme interesse pelo cinema, para além da música pop, em que se revelou um nome incontornável e desde cedo surpreendeu quem o via na tela, tendo tudo começado precisamente na sua famosa estadia em Berlin, na década de setenta, quando esta cidade era um centro efervescente de novas tendências nas mais diversas áreas artísticas.


Uma das maiores interpretações de David Bowie no cinema, onde o famoso músico irá revelar os seus magníficos dotes de actor, será precisamente quando interpreta a figura de Andy Warhol no filme “Basquiat”, do cineasta e pintor Julian Schnabel. Recorde-se desde já que David Bowie está irreconhecível a interpretar o famoso Andy Warhol, conseguindo reproduzir os famosos gestos e a fala do artista, mantendo um duelo sobre o significado de Arte com o jovem Basquiat que fica na memória de todos aqueles que viram este magnifico filme.

Rui Luís Lima

Jon Turteltaub - “O Tesouro: Livro dos Segredos” / “National Treasure: Book of Secrets”


Jon Turteltaub
“O Tesouro: Livro dos Segredos” / “National Treasure: Book of Secrets”
(EUA – 2007) – (124 min./Cor)
Nicolas Cage, Diane Kruger, Jon Voight, Justin Bartha,
Helen Mirren, E Harris, Harvey Keitel, Bruce Greenwood.

Jon Turteltaub é um nome que alguns fixaram quando em 1995 descobriram a deliciosa comédia “Enquanto Dormias” / “While You Were Sleeping”, que viria revelar Sandra Bullock.


Com o passar dos anos Jon Turteltaub, que navega entre esses dois conhecidos meios do audiovisual, a televisão e cinema, na área da realização e produção, obteve com “O Tesouro: Livro dos Segredos” um dos seus maiores sucessos de bilheteira, fruto de uma perfeita realização, contando com um naipe de actores acima de qualquer suspeita, ao mesmo tempo que o ritmo dos acontecimentos oferece esses dois ingredientes que as plateias tanto adoram no cinema: a emoção e o suspense e depois temos sempre essa actriz maravilhosa chamada Diane Kruger!

Rui Luís Lima

Jonathan Mostow - “Os Substitutos” / “Surrogates”


Jonathan Mostow
“Os Substitutos” / “Surrogates”
(EUA – 2009) – (89 min./Cor)
Bruce Willis, Radha Mitchell, Ving Rhames, Rosamund Pike.

Se gosta de ficção-cientifica tem que ver este filme, porque ele é incontornável ao falar de um estranho futuro, que se aproxima a passos largos e onde uma certa elite, “politicamente correcta”, se prepara para o receber de braços abertos, esquecendo-se dos perigos que encerra para a humanidade, a ideologia que decidiu instituir e mais não posso escrever para o deixar surpreendido com o final deste filme fabuloso!

Rui Luís Lima

John Turturro - “Quase Gigolo” / “Fading Gigolo”


John Turturro
“Quase Gigolo” / “Fading Gigolo”
(EUA – 2013) – (90 min./Cor)
Woody Allen, John Turturro, Sharon Stone, 
Liev Schreiber, Vanesssa Paradis, Sofia Vergara, Bob Balaban.

John Turturro é conhecido essencialmente como actor, tendo sido através dos irmãos Cohen que muitos lhe fixaram o nome, mas ele também gosta de realizar de vez em quando e já em 1998 tinha oferecido boas indicações quando se posicionou atrás da câmara e realizou “Illuminata”, mas desta vez com este “Fading Gigolo”, ele assume-se como um discípulo de Woody Allen e das suas comédias, basta vermos a forma como foi montado “casting” , a fabulosa banda sonora e a presença do próprio Woody Allen, com uma personagem “decalcada” das criadas pelo célebre actor/cineasta nos seus filmes e por fim todas as suas “falas” até parecem ser escritas por Woody Allen, que se deve ter sentido como “peixe na água”.


Recorde-se que o argumento de “Fading Gigolo” foi escrito pelo próprio John Turturro, que aqui surge como realizador, argumentista e actor.

É obra, caro Turturro!

Rui Luís Lima

John Woo - “Missão Impossível II” / “Mission; Impossible II”


John Woo
“Missão Impossível II” / “Mission; Impossible II”
(EUA / Alemanha – 2000) – (123 min./Cor)
Tom Cruise, Dougray Scott, Thandie Newton, Ving Rhames.

Quando foi anunciado que o realizador de “Missão Impossível II” seria John Woo, foram muitos os que esperaram ir encontrar uma película repleta de acção e emoção, mas infelizmente este novo capítulo das aventuras do agente Ethan Hunt ficou muito aquém do esperado e depois nenhuma sequela ou continuação conseguiu superar a magia da primeira película realizada por Brian De Palma, tornando-se este segundo capítulo o mais fraco de todos, que também não teve vilões à altura, enquanto Thandie Newton, não se enquadra com a personagem que interpreta.

Rui Luís Lima

John Moore - “O Voo da Fénix” / “Flight of the Phoenix”


John Moore
“O Voo da Fénix” / “Flight of the Phoenix”
(EUA – 2004) – (113 min./Cor)
Dennis Quaid, Miranda Otto, Giovanni Ribisi.

Um belo exemplo de como o cinema contemporâneo pilha o cinema dos grandes cineastas clássicos, não conseguindo chegar-lhes “aos dedos dos pés”.


Por vezes chamam-lhe homenagem outas nem isso, fica tudo no segredo dos deuses. A película de 1965 protagonizada por James Stewart rodeado de um elenco de luxo é um desses filmes que nos ficam na memória para sempre!

Rui Luís Lima

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Steven Spielberg - “Indiana Jones e o Reino da Caveira Perdida” / “Indiana Jones and The Kingdon ofTthe Crystal Skull”

Steven Spielberg
“Indiana Jones e o Reino da Caveira Perdida” / “Indiana Jones and The Kingdon ofTthe Crystal Skull”
(EUA – 2008) – (124 min. / Cor)
Harrison Ford, Cate Blanchett. Karen Allen, Shia LaBeouf, Ray Winstone, John Hurt, Jim Broadbent.

O primeiro sintoma que é possível detectar na nova aventura de Indiana Jones é que estamos perante um filme não só de Steven Spielberg, mas também de George Lucas, porque a mão deste último é bem visível no filme, para além dessa fábrica de magia chamada “Industrial Light and Magic” por ele criada e a qual vendeu recentemente.


Quando surgiu pela primeira vez no cinema a figura de Indiana Jones respirava frescura, bebendo a acção do filme, na memória dos célebres “serial” em diversas partes, que fizeram sucesso no tempo do cinema mudo e onde Mary Pickford (a primeira namorada da América) e Douglas Fairbanks eram herói e heroína, arrastando multidões para esse sonho onde o perigo espreitava em cada esquina.


No século XXI, goste-se ou não, os tempos são outros e a dupla Spielberg/Lucas com “Indiana Jones e o Reino da Caveira Perdida”, partia não em busca do Graal, mas sim desse sucesso que abandonou o primeiro e permaneceu com o segundo.


Iremos assim reencontrar o Dr. Henry Jones, o célebre Indiana Jones (Harrison Ford), em pleno clima da Guerra-Fria, os célebres anos cinquenta, do século xx, em que o terror atómico fazia parte do quotidiano e os vilões, como não podia deixar de ser, são os soviéticos, sendo de destacar essa heroína do mal chamada Irina Spalko (Cate Blanchett), a comandar as operações que irão levar Indiana Jones em busca do célebre El Dorado e O Reino da Caveira Perdida, essa caveira que possui um volume bem diferente de um ser humano, porque de humana não tem nada.


Mas ao contrário dos anteriores filmes, a dita acção surge muito mais palavrosa, perdendo-se a magia que fez da série um êxito mundial, depois a forma como nos é oferecido o envelhecimento de Indiana Jones não é de forma sugestiva, apesar de encontrarmos pela primeira vez o seu filho Matt (Shia LaBeouf) citando o Marlon Brando de “Hell Angels” e do reencontro com Marion (Karen Allen), a protagonista feminina de “Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida”. É claro que o nosso herói continua a possuir a sua alergia às cobras, mas no verdadeiro sentido da palavra, a magia da aventura perdeu-se no interior dos fotogramas, apesar de todos os efeitos especiais da “ILM” e do “encontro” com os extraterrestres.


Na verdade, este “Indiana Jones e o Reino da Caveira Perdida” ficou bem abaixo do que se esperava da dupla Steven Spielberg/George Lucas..

Rui Luís Lima

Joel Coen & Ethan Coen - "O Barbeiro" / "The Man Who Wasn't There"


Joel Coen & Ethan Coen
"O Barbeiro" / "The Man Who Wasn't There"
(EUA/Grã-Bretanha – 2001) – (116 min. - P/B)
Billy Bob Thorton, Frances McDormand, James Gandolfini,
Jon Polito, Michael Badalucco, Scarlett Johansson.

“O Barbeiro”/”The Man Who Wasn’t There”, uma fabulosa película a preto e branco como mandam as regras do cinema clássico e do denominado “film noir”, possui em Billy Bob Thornton o actor perfeito, ao compor uma personagem que praticamente não fala, utilizando o olhar e as expressões faciais como vocabulário, sempre de forma bem contida (os irmãos Coen chegaram a referir numa das muitas entrevistas dadas, aquando da produção, que ele era detentor dos diálogos mais curtos de uma personagem principal), e na verdade o” hum”, “hum”, constante e aquele cigarro sempre na boca, falam por si. Recorde-se como curiosidade que Billy Bob tinha deixado de fumar e os manos decidiram testar a sua vontade em deixar o vício do tabaco.


Mais uma vez os irmãos Coen vão beber à memória do cinema, evocando as regras que regiam os filmes da época em que o famoso código Hays ditava a lei, como se tratasse de um Deus vigiando os sacrilégios da pecadora Hollywood, em que os culpados teriam que ser sempre castigados, no final dos filmes. O fatal destino do apagado barbeiro Ed Crane (Billy Bob Thornton) acabaria por surgir nesse verão de 1949, quando menos se esperava, acusado de um crime que não cometera.


Apesar de se tratar de uma verdadeira obra-prima, “O Barbeiro” / “The Man Who Wasn’t There”, permanece na filmografia dos irmãos Coen como o filme menos conhecido de todos os que realizaram e bem merece ser descoberto, porque se trata de um verdadeiro diamante em bruto, que vai sendo trabalhado ao longo da película, até se tornar nessa jóia digna da Tiffanys, que se guarda para sempre no coração do cinefilia.

Rui Luís Lima

Joel Coen & Ethan Coen - “Paris, je t’aime – Tuileries”


Joel Coen & Ethan Coen
“Paris, je t’aime – Tuileries”
(1ª arrondissement) – (7 min/Cor)
(França/Suiça/Liechtenstein/Alemanha/EUA – 2006)
(120 min./Cor – totalidade do filme)
Steve Buscemi.

Nos anos 60/70 do século passado o filme de “sketches teve uma enorme divulgação, tendo por diversas vezes cineastas de enorme renome verem o seu nome associado a este género popular junto das plateias. Mas dos filmes que então foram realizados “Paris Vu Par” foi, de todos eles, o que maior reconhecimento foi tendo ao longo dos anos pela cinefilia e certamente por esta mesma razão, Joel Coen e Ethan Coen decidiram associar-se ao projecto “Paris, je t’aime” em que vinte cineastas, das mais diversas origens geográficas e estilísticas, decidiram homenagear a cidade de Paris, também conhecida como a cidade do amor.


Mike Figgis, Christopher Doyle, Michel Gondry, Sally Potter, Walter Sales, Olivier Assayas, entre outros, irão oferecer-nos histórias passadas nos diversos bairros de Paris, tendo os irmãos Coen optado pelo 1er arrondissement e como gostam de sabotar as regras do jogo, decidiram fazer o seu pequeno filme não à superfície, porque como todos sabemos a chuva surge sempre em qualquer altura do ano em Paris, oferecendo-nos imagens da zona escolhida da capital francesa, mas situando-a no interior de uma estação do metropolitano.


Iremos assim descobrir Paris com o inevitável turista americano, a assistir a uma bela discussão entre dois namorados, no interior de uma estação do Metropolitano Parisiense que, ao repararem nele no outro lado da plataforma, decidem usá-lo na contenda, para mal dos seus pecados. A prestação de Steve Buscemi neste segmento de “Paris, je t’aime” é hilariante!

Rui Luís Lima

Jocelyn Moorhouse - “Amigas e Rivais” / “A Thousand Acres”


Jocelyn Moorhouse
“Amigas e Rivais” / “A Thousand Acres”
(EUA – 1997) – (105 min./Cor)
Michelle Pfeiffer, Jessica Lange,
Jennifer Jason Leigh, Jason Roberts, Colin Firth.

“A Thousand Acres” / “”Amigas e Rivais”, feito em 1997, é uma daquelas películas bem alicerçadas na vertente do feminino, tendo em conta que a realizadora é Jocelyn Moorhouse, o argumento da australiana Laura Jones, bem conhecida pelas suas sempre excelentes adaptações literárias, nascido de uma novela escrita por Jane Smiley.


Como “partenaire”, Michelle Pfeiffer teve ao seu lado outra mulher que respira cinema por todos os poros como ela, Jessica Lange. Estas duas espantosas actrizes, que interpretam duas irmãs no filme “Amigas e Rivais”, irão estar em campos opostos, mas o destino por vezes traça caminhos infindáveis e desavindos, como sucede nesta película

Estamos assim perante um daqueles filmes que merece ser descoberto pelo grande público e onde a América profunda serve mais uma vez de paisagem.

Rui Luís Lima

John Leekley - “O Príncipe de Central Park” / “Prince of Central Park”


John Leekley
“O Príncipe de Central Park” / “Prince of Central Park”
(EUA – 2000) – (109 min./Cor)
Kathleen Turner, Harvey Keitel, Danny Aiello, Cathy Moriarty, Frankie Nasso.

Nesta película, o “Príncipe” de Central Park é um sem-abrigo interpretado por Harvey Keitel, que irá recolher o jovem JJ (Frankie Nasso) que fugiu de casa, em busca do paradeiro da mãe, terminando o jovem por descobrir, na companhia deste excêntrico “Príncipe” e da sua amiga Rebecca (Kathleen Turner) também ela uma “outsider”, como o mundo é tão imperfeito que até dói o coração, mas como temos de viver nele, será sempre necessário escolher o melhor meio de sobreviver, criando esse “another world” pessoal ou o nosso pequeno mundo se preferirem, onde a amizade e o amor sejam possíveis e essa palavra, tão esgotada, intitulada solidariedade, seja algo mais do que uma simples palavra, escrita nas redes sociais, sem qualquer significado, repleta de "likes" bem comodistas.


“Prince of Central Park” é exibido regularmente no pequeno écran e bem merece ser (re)descoberto!

Rui Luís Lima