sexta-feira, 31 de março de 2023

Costa-Gavras - “O Capital” / “Le Capital”


Costa-Gavras
“O Capital” / “Le Capital”
(França – 2012) – (114 min./Cor)
Gad Elmaleh, Gabriel Byrne, Natacha Régnier.

O primeiro filme que vi deste cineasta grego, naturalizado francês, foi em 1970 no cinema Eden, “A Confissão” / “L’aveau”, com Yves Montand no protagonista, tinha eu 11 anos e desconhecia que estava a dar os primeiros passos na cinéfilia, fixei o nome do actor e o estranho nome do realizador, depois quando voltei a “encontrar-me” com Costa-Gavras, o filme chamava-se “Z – A Orgia do Poder” / “Z” e nesse momento percebi que este realizador possuía o estatuto de cineasta, algo que o tempo veio a comprovar, porque a sua assinatura encontra-se nas imagens e no argumento das películas que realiza, sendo bastante interventivo na criação dos argumentos dos filmes que dirige com enorme saber, todos eles a interrogarem o mundo em que vivemos e sempre bastante incómodos para o Poder, seja qual for a sua cor, a única excepção da sua filmografia intitula-se “A Luz da Paixão” / “Clair de femme” com Yves Montand e Romy Schneider.


Neste estranho século XXI, o jornalismo atravessa a pior crise da sua história, como entidade independente dos poderes, seja o político, o económico ou essa entidade denominada redes-sociais, a última película de Costa-Gavras intitulada “O Capital” / “Le Capital”, revela-se uma verdadeira lufada de ar fresco ao nos contar a história de um testa de ferro chamado Marc Tourneuil (espantosa interpretação de Gad Elmaleh), que ao assumir a Presidência de uma importante Instituição Bancária decide tomar o Poder, jogando nos mais diversos tabuleiros da Alta-Finança e dos Mercados, manipulando e traindo, sem dó nem piedade, os seus aliados e “padrinhos”, intitulando-se o “Robin dos Bosques dos Ricos” e terminando por vencer em todas as frentes, incluindo a familiar, logo a primeira a ser conquistada, e contornando com dificuldade as célebres tentações que por vezes atingem fatalmente as suas almas gémeas.


“O Capital” / “Le Capital” de Costa-Gavras, oferece-nos assim um retrato do mundo contemporâneo que, inevitavelmente, nos leva a interrogar não só a informação que temos, mas também o mundo em que vivemos, onde cada vez mais os Mercados, com as suas célebres Agências de Rating, decidem o destino dos países e fazem tremer os seus dirigentes políticos.


Mais uma vez Costa-Gavras assina um filme genial e incontornável, que enriquece decididamente a sua filmografia e que bem merece ser redescoberto, porque se encontra para além de qualquer ideologia!

Rui Luís Lima

Jon Amiel - “Justiça Vermelha” / “Red Corner”


Jon Amiel
“Justiça Vermelha” / “Red Corner”
(EUA – 1997) – (122 min./Cor)
Richard Gere, Bai Ling, Bradley Whitford.

Mais de vinte anos passaram sobre este filme do cineasta britânico Jon Amiel, que teve em Richard Gere o actor perfeito para dar corpo e rosto à personagem deste advogado, que se encontra no Médio-Oriente a tratar de um negócio e que após se ter envolvido com uma bela mulher, acorda no dia seguinte acusado de a ter assassinado.


Mais uma vez Jon Amiel obtém excelentes resultados na forma como toda a planificação do filme foi feita, seja no aspecto da realização, como na interpretação, só “pecando” na famosa sequência da fuga pelos telhados, ao ter colocado a embaixada americana tão pertinho do angulo de visão do fugitivo.

Rui Luís Lima

Francis Ford Coppola - “Tetro”


Francis Ford Coppola
“Tetro”
(EUA/Italia/Espanha/Argentina – 2009) – (127 min. – P/B – Cor)
Vincent Gallo, Alden Ehrenreich, Maribel Verdi, Silvia Perez, Klaus Maria Brandauer.

Francis Ford Coppola decide deixar a América, que o viu crescer, e fixa residência em Buenos Aires, para espanto de muitos, anunciando que se encontra a escrever um novo argumento e quando menos se esperava o cineasta volta a surpreender tudo e todos, com a sua nova película, “Tetro”, ainda mais distante da sua obra anterior e de toda a sua filmografia.


“Tetro” é um filme sem vedetas, contando com Vincent Gallo no protagonista, surgindo este mais uma vez como o filho rebelde que foge da alçada do pai, um maestro dominador (numa possível referência do realizador ao seu próprio pai o maestro e compositor Carmine Coppola, responsável por algumas bandas sonoras dos seus filmes), refugiando-se nos bairros boémios de Buenos Aires.


Muitos viram neste argumento da autoria de Francis Ford Coppola traços biográficos até então desconhecidos de todos mas a película, apesar da habitual genialidade do cineasta, possui um argumento com falta de “carpintaria” e para resolver o problema Francis Coppola recorre mais uma vez à montagem, mas a solução encontrada acabou por se verificar não ser a melhor. A maioria dos fans ficaram perplexos e os resultados de bilheteira foram na verdade demasiado magros, obrigando Francis Ford Coppola a reflectir um pouco no caminho que decidira seguir.

Rui Luís Lima

Francis Ford Coppola - “A Ilusão” / “Twixt”


Francis Ford Coppola
“A Ilusão” / “Twixt”
(EUA – 2011) – (88 min./Cor)
Val Kilmer, Buce Dern, Elle Fanning, Ben Chaplin.

“A Ilusão” / “Twixt”, com Val Kilmer no protagonista, possui um argumento nascido num sonho do próprio cineasta, transportando-o até às suas origens cinematográficas ou seja a essa época em que era um verdadeiro artífice nas Produções de Roger Corman.


Assim, Francis Ford Coppola convida-nos a seguir o percurso de um escritor em declínio, Hall Baltimore (Val Kilmer), que numa tournée de divulgação da sua última obra literária se vê envolvido no assassinato de uma jovem e, nessa mesma noite, será abordado por um fantasma chamado “V” (Elle Fanning), que lhe irá decifrar o mistério em que se encontra envolvido.

Rui Luís Lima

Francis Ford Coppola - “Jack”


Francis Ford Coppola
“Jack”
(EUA – 1996) – (113 min./Cor)
Robin Williams, Diane Lane, Brian Kerwin, Jennifer Lopez.

Francis Ford Coppola, ao assinar a feitura de “Jack” com Robin Williams no protagonista, conseguiu surpreender os seus fans com esta história de uma criança que possui envelhecimento precoce, embora tenha apenas dez anos no B.I., num corpo de quarenta anos.


“Jack” terminou por se transformar mais num filme do famoso actor, que mais uma vez brilhava com a sua memorável interpretação, do que num filme com a famosa assinatura Coppola. Considerado por alguns como um filme menos, este “Jack” bem merece ser reavaliado tendo em conta a forma como o cineasta sempre olhou para o universo da infância.

Rui Luís Lima

Sydney Pollack - “Esboços de Frank Gehry” / “Sketches of Frank Gehry”


Sydney Pollack
“Esboços de Frank Gehry” / “Sketches of Frank Gehry”
(EUA – 2006) – (83 min./Cor)
Frank Gehry, Sydney Pollack, Julien Schnabel, Dennis Hopper.

“Sketches of Frank Gehry” é um documentário no qual se fala da vida e obra do, possivelmente, mais famoso Arquitecto Norte-Americano depois do mais que célebre Frank Lloyd Wright, que todos admiramos.


Em “Esboços de Frank Gehry” podemos encontrar também diversos depoimentos acerca da obra do Arquitecto, na voz de Dennis Hooper ou Julian Schnabel, entre outros e assim se despedia do Cinema, Sydney Pollack, um dos últimos cineastas clássicos.

Rui Luís Lima

quarta-feira, 29 de março de 2023

Luc Besson - "Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" / "Valerian and the City of a Thousand Planets"


Luc Besson
"Valerian e a Cidade dos Mil Planetas" / "Valerian and the City of a Thousand Planets"
(França / China / Alemanha / EUA / Emratos Árabes Unidos - 2017) - (136 min./Cor)
Dane DeHaan, Cara Delevingne, Clive Owen.

terça-feira, 28 de março de 2023

Laurent Heynemann - "Uma Mulher de Sonho" / "Je ne rêve que de vous"


Laurent Heynemann
"Uma Mulher de Sonho" / "Je ne rêve que de vous"
(França - 2019) - (103 min./Cor)
Elsa Zylberstein, Hippolyte Girardot, Émile Dequenne, Thomas Chabrol.

segunda-feira, 27 de março de 2023

Daniel Alfredson - "Millennium 3 - A Rainha no Palácio das Correntes de Ar" / "Luftslottet som sprängdes"


Daniel Alfredson
"Millennium 3 - A Rainha no Palácio das Correntes de Ar" / "Luftslottet som sprängdes"
(Suécia/Dinamarca/Alemanha - 2009) - (147 min./Cor)
Michael Nyqvist, Noomi Rapace, Lena Endre.

Ao acompanharmos a trilogia de filmes baseados nos famosos livros de Stieg Larsson, que nos conta a vida de Lisbeth Salander (Noomi Rapace) e do jornalista Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist) editor da revista Millennium, mergulhamos num dos mais fascinantes e violentos romances deste século XXI.


Após a morte do seu autor, razões editoriais decidiram que David Lagercrantz desse continuação a esta série criada pela pena genial de Stieg Larsson e se já não gosto quando na banda desenhada um herói passa a ter novos criadores, na literatura o assunto passa a ser apenas um simples negócio rentável, para editores e herdeiros.

Rui Luís Lima

Daniel Alfredson - “Millennium 2 – A Rapariga que sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo” / “Flickan som lekte med elden”


Daniel Alfredson
“Millennium 2 – A Rapariga que sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo” /
“Flickan som lekte med elden”
(Suécia / Dinamarca / Alemanha – 2009) - (129 min/ Cor)
Michael Nyqvist, Noomi Rapace, Lena Endre.

O célebre livro de Stieg Larsson e as suas personagens regressam ao grande écran, mudando de realizador, mas mantendo-se os mesmos actores, onde teremos sempre de destacar essa actriz chamada Noomi Rapace, um nome decididamente a fixar.

Rui Luís Lima

Niels Arden Oplev - "Millennium 1 - Os Homens que Odeiam as Mulheres" / "Män som hatar kvinnor"


Niels Arden Oplev
"Millennium 1 - Os Homens que Odeiam as Mulheres" / "Män som hatar kvinnor"
(Suécia/Dinamarca/Alemanha/Noruega - 2009) - (152 min./Cor)
Michael Nyqvist, Noomi Rapace, Ewa Froling.

A escrita de Stieg Larsson, ao ser transportada para o grande écran, originou a descoberta de uma actriz até então desconhecida: Noomi Rapace, que nos irá surpreender ao longo de "Millennium 1 - Os Homens que Odeiam as Mulheres" / "Män som hatar kvinnor".


Já a realização de Niels Arden Oplev cumpre, mas quando tivemos o "remake" levado a cabo por David Fincher, a película de Niels Arden Oplev termina por ser "desvalorizado" no confronto com a do cineasta norte-americano. Mas o que não nos podemos nunca esquecer é que foram Niels Arden Oplev e Noomi Rapace que abriram o caminho para o genial filme de David Fincher, que nos iria revelar também uma excelente actriz chamada Rooney Mara.

Rui Luís Lima

Steven Spielberg - “Lincoln”


Steven Spielberg
“Lincoln”
(EUA/India – 2012) – (150 min./Cor)
Daniel Day.Lewis, Sally Field, David Strathaim.

Um dos projectos mais acalentados ao longo da vida por Steven Spielberg foi “Lincoln”, um filme que ele desejou fazer, talvez porque sempre amou o “Young Mr. Lincoln” / “A Grande Esperança” (1939) de John Ford, em que Henry Fonda dava rosto ao homem que um dia iria abolir a escravatura no Novo Mundo.


O ano de 2012 viu chegar esse filme magnífico, com um Daniel Day-Lewis a oferecer-nos uma excelente interpretação ao protagonizar esse Presidente dos Estados Unidos da América que acabaria por ser assassinado, mas que lutou contra tudo e contra todos, com uma das guerras civis mais sangrentas da história da humanidade entre mãos, mas que não desistiu, porque segundo o seu pensamento, todos os homens nascem livre.


Steven Spielberg conseguiu de forma bem realista contar-nos a história dessa luta, com uma boa direcção de actores, que nos faz recordar esse seu outro magnífico filme intitulado “Amistad”, sendo de referir que Daniel Day-Lewis, conquistou o Oscar mais uma vez, pela sua interpretação neste filme.

Rui Luís Lima

domingo, 26 de março de 2023

Edward Zwick - “O Prodígio” / “Pawn Sacrifice”


Edward Zwick
“O Prodígio” / “Pawn Sacrifice”
(EUA/Canada – 2014) - (115 min./Cor – P/B)
Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgard, Michael Stuhlberg.

Edward Zwick oferece-nos, com o filme “Pawn Sacrifice” / “O Prodígio”, dois olhares em simultâneo: a vida do campeão de Xadrez norte-americano Bobby Fischer e o confronto entre as duas superpotências que ocorreu num tabuleiro de xadrez, entre o então soviético e campeão do mundo de xadrez Boris Spassky e o neurótico norte-americano Bobby Fischer, estávamos no início da década de 70, do século XX, mais precisamente em 1972.


Recordo-me que, na época, após o telejornal das 20 horas, na RTP tínhamos um especialista na matéria do Xadrez a explicar aos espectadores todos os lances havidos na partida, com um quadro de xadrez na parede e movimentando as peças com uma das mãos, enquanto na outra tinha um ponteiro e assim também sucedia em muitos países, em que o Poder parava para assistir ao duelo entre dois Mestres do Xadrez!


O filme de Edward Zwick possui uma reconstituição de época notável, a par de uma excelente direcção de actores, onde se destaca Liev Schreiber na composição do campeão soviético de Xadrez Boris Spassky, que viria a ser derrotado pelo genial Bobby Fischer (Tobey Maguire), que criava jogadas desconhecidas de todos. Já Michael Stuhlberg (o célebre “homem sério” dos irmãos Cohen), também merece uma referência bem positiva pelo seu desempenho, tal como todos os restantes actores do filme.


No final da película são-nos oferecidas imagens dos caminhos percorridos pelo campeão de xadrez Bobby Fisher, que recusou contratos de milhões de dollars, foi preso por mendicidade e terminou a viver exilado na Islândia, onde viria a falecer. “O Prodígio” / “Pawn Sacrifice”, de Edward Zwick, não é apenas um filme para os amantes de xadrez (onde me incluo), é também uma lição de cinema dada por um grande cineasta!

Rui Luís Lima

Fred Schepisi - “Por Falar de Amor” / “Words and Pictures”


Fred Schepisi
“Por Falar de Amor” / “Words and Pictures”
(EUA/Canada/Australia – 2013) – (111 min./Cor)
Clive Owen, Juliette Binoche, Bruce Davidson.

O experiente cineasta australiano Fred Schepisi oferece-nos um dos filmes mais brilhantes e inteligentes desta segunda década do milénio, ao abordar de forma bem simples uma premissa sobre a importância da literatura e do cinema, num convite-duelo entre dois professores, aqui interpretados por Clive Owen e Juliette Binoche, que irão colocar aos seus alunos uma pergunta bem pertinente, que navega também na estranha relação que os “apoquenta” e que percorre esse enigmático território do amor: o que é mais importante, será o filme ou o livro?


O livro não li, mas vi o filme!
Quantas vezes já escutaram esta frase?

Rui Luís Lima

Steven Spielberg - “Cavalo de Guerra” / “War Horse”

Steven Spielberg
“Cavalo de Guerra” / “War Horse”
(EUA/India – 2011) – (146 min./Cor)
Jeremy Irvine, Emily Watson, David Thewlis.

Após o insucesso de Tintin, o cineasta Steven Spielberg decidiu regressar ao realismo com o filme “Cavalo de Guerra” / “War Horse”, uma película bem assente na tradição do cinema britânico, onde iremos acompanhar a história de um cavalo, que é vendido para a cavalaria ao eclodir a Primeira Grande Guerra, levando o jovem Albert Narracolt (Jeremy Irvine) a alistar-se no exercito, na esperança de reencontrar o seu amado cavalo.


“Cavalo de Guerra” / “War Horse”, que infelizmente não foi bem recebido pelo público nem pela crítica, é uma daquelas películas que é urgente reavaliar, pois estamos perante uma produção sem mácula, que nos reenvia para esse maravilhoso cinema clássico, que atraía multidões às salas de cinema.


Steven Spielberg oferece-nos aqui uma das suas obras mais secretas, que é urgente redescobrir!

Rui Luís Lima

Edward Zwick - “Resistentes” / “Defiance”


Edward Zwick
“Resistentes” / “Defiance”
(EUA – 2008) – (137 min./Cor – P/B)
Daniel Craig. Liev Schreiber, Jamie Bell.

Por vezes há filmes que nos passam ao lado por razões que a própria razão desconhece e a história dos irmãos Bielsky, que nos é contada neste filme de Edward Zwick, com uma fotografia espantosa do português Eduardo Serra, merece estar ao lado da narrativa que Steven Spielberg nos contou em “A Lista de Schindler” / “Schindler’s List”!


Estamos em plena Segunda Grande Guerra e as tropas alemãs prosseguem na Bielorussia a matança de judeus, confinando-os primeiramente em ghettos e depois enviando-os para a morte e assim iremos acompanhar a fuga e a resistência de três irmãos judeus que refugiados nos bosques, que tão bem conhecem, iniciam a resistência, acolhendo todos os que se lhes juntam em busca de refúgio e ali lutarão por mais de dois anos, sobrevivendo à fome e à morte, que acompanha essa pequena multidão, com mais de um milhar de pessoas.


A luta de Tuvia Bielski (Daniel Craig) e dos seus irmãos Zus (Liv Schreiber) e Asael (Jamie Bell), encontra-se documentada nesta película de forma extraordinária, as filmagens realizaram-se na Lituânia, em condições nada fáceis e a fotografia de Eduardo Serra, nunca é demais referir, é espantosa! “Resistentes” / “Defiance” possui ainda uma banda sonora envolvente, que bem merece ser escutada na tranquilidade do lar.


Ao terminarmos o visionamento de “Resistentes” / “Defiance” de Edward Zwic só podemos exclamar: isto é Cinema!

Rui Luís Lima

Steven Spielberg - “Relatório Minoritário” / “Minority Report”


Steven Spielberg
“Relatório Minoritário” / “Minority Report”
(EUA – 2002) – (145 min./Cor)
Tom Cruise, Colin Farrell, Samantha Morton, Max von Sydow.

Pela primeira vez na sua carreira, Steven Spielberg irá fazer dois filmes de ficção-cientifica quase em simultâneo, contando desta vez com a preciosa ajuda do actor Tom Cruise e da sua casa produtora, para edificar o espantoso “Relatório Minoritário” / “Minority Report”.


Partindo de uma “short-story” do famoso Philip K. Dick (autor cujo nome foi introduzido na memória de todos os cinéfilos após Ridley Scott ter realizado “Blade Runner”), Steven Spielberg realiza um filme profundamente sombrio, de cores quase tenebrosas, bem distantes de “A.I.: Artificial Intelligence".


“Minority Report”/”Relatório Minoritário” situa-se no ano 2054, num futuro em que os criminosos são presos antes de cometerem os seus crimes, possibilitando desta forma a diminuição do número de mortes violentas.


Nesta missão, a polícia é ajudada por três “precogs” geneticamente criados para esse fim e trabalhando sempre em conjunto nas informações criadas e dizemos criadas porque, um dia, o oficial John Anderton (Tom Cruise) é acusado de ser um futuro criminoso e em vez de aceitar a “verdade dos factos”, decide fugir e tentar descobrir as razões que o irão levar a cometer um crime. Nessa luta, votada ao fracasso, irá contar com a ajuda de um dos “precogs” que, pela primeira vez, irá elaborar a sós a sua informação, dando assim origem ao famoso “relatório minoritário”, repositor da verdade inconveniente e inoportuna, porque irá colocar em causa as regras do jogo, criadas pelas Instituições Políticas.


Filmando com mestria, mais uma vez Steven Spielberg constrói uma obra sufocante, ao mesmo tempo que oferece a Tom Cruise uma das suas grandes interpretações no grande écran!

Rui Luís Lima

Steven Spielberg - “The Post”


Steven Spielberg
“The Post”
(EUA/Grã-Bretanha – 2017) – (116 min./cor)
Meryl Streep, Tom Hanks, Sarah Paulson, Bruce Greenwood.

“The Post”, realizado por Steven Spielberg, tinha tudo para ser um desses filmes que ficam para sempre na História do cinema político, mas infelizmente isso não sucedeu e ao vermos a película sentimos que, apesar dos excelentes actores, o filme parece um TGV que segue a 40 km/hora, para desespero do espectador, que começa a olhar para o relógio e percebe, que o realizador não tem culpa, os actores também não, a montagem faz o que pode e a banda sonora até é de John Williams, mas onde falhou o cineasta que realizou “A Ponte dos Espiões”!?


O argumento tem perna curta e revela-se uma manta de retalhos, com muito pouca linha, desbaratando um tema que tinha tudo para dar certo, especialmente nestes anos em que os “Media” andam a ficar muito mal na fotografia. “The Post” é um filme falhado. Na verdade, Liz Hannah e Josh Singer, os argumentistas de “The Post” desbarataram uma oportunidade de ouro e chegado aqui, se me perguntarem pelo nome dos argumentistas de “A Ponte dos Espiões”, confesso que eles se chamam Joel e Ethan Coen!

Rui Luís Lima

Steven Spielberg - “O Amigo Gigante” / “The BFG”


Steven Spielberg
“O Amigo Gigante” / “The BFG”
(EUA/India – 2016) – (117 min./Cor)
Mark Rylance, Ruby Barnhill, Penelope Wilton.

Após os sucessos de “Lincoln” e “A Ponte dos Espiões” / “Bridge of Spies”, e o magnifico “Cavalo de Guerra” / Horse War”, muitos pensaram que Steven Spielberg tinha abandonado definitivamente esse outro cinema, em que o encantamento nos levava até esse território amado da nossa infância, onde fantasia e o fantástico se fundiam criando histórias que nos maravilhavam, mas que também, por vezes, nos obrigavam a temer as sombras ou esses estranhos ruídos só audíveis no universo infantil.


Ao decidir levar ao grande écran o livro de Roald Dahl, esse Mestre dos fabulosos “Contos do Imprevisto” (quem se recorda da série?), o cineasta regressa com “O Amigo Gigante” / “The BFG” (The Big Friendly Giant), ao universo encantado do Cinema.


Mais uma vez iremos entrar nesse território em que a diferença é hostilizada, neste caso entre gigantes, porque BFG (Mark Rylance) se recusa a comer crianças, ao contrário dos seus “irmãos”, sendo marginalizado pelos seus iguais e ao cruzar-se um dia com Sophie (Ruby Barnhill) irá encontrar nela essa amizade, tão difícil de descobrir neste mundo de “gigantes”, que alguns até nem percebem a felicidade de se ser anão.

Rui Luís Lima

Steven Spielberg - “As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne” / “The Adventures of Tintin”


Steven Spielberg
“As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne” / “The Adventures of Tintin”
(EUA/Nova Zelândia – 2011) – (107 min./Cor)
Jamie Bell, Andy Serkin, Daniel Craig.

Em 2010 Steven Spielberg anunciou, com pompa e circunstância, a produção de três filmes de Tintin, a famosa personagem da banda desenhada criada por Hergé, surgindo associado a este projecto o cineasta Peter Jackson que ficou famoso ao realizar a Trilogia de “O Senhor dos Anéis” / “The Lord of the Rings”, sendo o processo criativo destes filmes de Tintin idêntico ao inaugurado por Robert Zemeckis com o genial “Polar Express”.


Para aqueles que como eu ainda se recordavam do filme de Philippe Condroyer, realizado em 1964, intitulado “Tintin e o Mistério das Laranjas Azuis” / Tintin et les Oranges Bleues”, com o jovem Jean-Pierre Talbot a dar rosto e corpo a Tintin e Jean Bouise a vestir a pele do excêntrico Capitão Haddock, ficaram certamente desiludidos com o processo criativo escolhido pela dupla Spielberg/Jackson e curiosamente devido à fraca resposta dada pelo grande público a esta película intitulada “As Aventuras de Tintin – O Segredo do Licorne” / “The Adventures of Tintin”, a feitura dos dois restantes filmes programados tem sido sucessivamente adiada, pela dupla Peter Jackson/Steven Spielberg.

Rui Luís Lima