quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Thomas Mann - “Os Buddenbrook – Declínio de Uma Família”


Thomas Mann
“Os Buddenbrook – Declínio de Uma Família”
Páginas: 783
Livros RTP

Em 1970 a RTP lançou uma colecção de livros de bolso (100 títulos), com enorme sucesso, que marcaram um formato, tendo na época diversas editoras acabado por lançar também as suas colecções de livros de bolso, um formato do qual sou grande apreciador, mas que se encontra infelizmente um pouco esquecido no nosso país pelos editores.

Algumas décadas depois a RTP, em colaboração com a Leya, lançou uma nova colecção em formato “hard-cover”, com o intuito de promover o gosto da leitura, com a periocidade de um livro por mês, optando sempre por manter o mesmo preço, não estando este dependente do número de páginas do livro.

Após esta breve introdução, nada melhor do que irmos até este magnífico livro do escritor alemão Thomas Mann, intitulado “Os Buddenbrook – Declínio de uma Família”, que em pleno século XIX nos narra a história da família Buddenbrook, detentora de uma poderosa firma comercial, que ao longo dos anos irá conhecer diversas vicissitudes, tal como os membros da sua família, recorde-se que em tempos idos tivemos uma adaptação televisiva deste primeiro romance de Thomas Mann, que em 1901, irá trazer fama ao escritor do futuro “Doutor Fausto”!

Mal iniciamos a leitura de “Os Buddenbrook”, sentimos de imediato esse cheiro peculiar da Literatura na escrita deste escritor alemão, que nos vai descrevendo os ambientes onde se movimentam os seus personagens e se ficamos todos presos pela vida atribulada da filha do magnata, a célebre Tony, também somos mergulhados nas vidas dos outros membros da família, terminando o leitor por transportar para o interior deste fabuloso romance as suas próprias memórias dos seus laços familiares, sejam eles simples coincidências ou então esse sentimento que nos leva a dizer: “como eu conheço bem esta situação”: a simples ida ao dentista ou essas memórias dos nossos tempos de escola, em que tal como o pequeno Hanno, temíamos as aulas de certos professores.

Thomas Mann recebeu o Nobel da Literatura em 1929 e se, durante a Primeira Grande Guerra, olhou as posições nacionalistas com um certo patriotismo, já quando Hitler chegou ao poder em 1933, decidiu abandonar a Alemanha, sendo um defensor da liberdade e em 1936 o regime nacional-socialista retira-lhe a nacionalidade. Com o estalar da Segunda Grande Guerra, abandona a Suíça onde residia e exila-se na América, para terminar por deixar o Novo Mundo aquando da famosa caça às bruxas do tristemente célebre Senador Joseph McCarthy e regressa à Suíça onde irá permanecer o resto da vida.

Rui Luís Lima


“Os mesmos rapazes que, havia pouco, se tinham dedicado, lá fora, às travessuras mais ruidosas, a ponto de o senador se ver forçado a aparecer por instantes no umbral da porta para impor algum respeito, esses mesmos rapazes cantavam agora divinalmente. Aquelas vozes puras e cristalinas que se elevavam em júbilo e louvor, acompanhadas aqui e ali por algumas tonalidades mais baixas, tinham o condão de arrebatar o coração de qualquer um. O sorriso das velhas solteironas tornava-se mais doce, os que contavam uma idade mais avançada olhavam introspectivamente para as vidas vividas, enquanto aqueles que se encontravam a meio da existência esqueciam por momentos as dores e cuidados.”

Thomas Mann

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