segunda-feira, 31 de julho de 2023

Lawrence Durrel - "Constance ou Práticas Solitárias" / "Constance or Solitary Practices"


Lawrence Durrel
"Constance ou Práticas Solitárias" / "Constance or Solitary Practices"
(Quinteto de Avignon 3)
Páginas: 410
Difel

Um cinéfilo que se preze já viu no cinema essas multidões em fúria que gostam de fazer “justiça” pelas suas próprias mãos, tantas vezes condenando à morte inocentes ou falsos culpados, aliás basta recordar filmes como “Fury” / “Fúria” de Fritz Lang e pensarmos no destino marcado de Joe (Spencer Traçy) ou o Manny Balestrero (Henry Fonda) de “O Falso Culpado” / “The Wrong Man” de Alfred Hitchcock para ficar tudo dito.

Tanto no "western" como no "film noir" esta temática pode ser classificada de sub-género, mas na Literatura foi Lawrence Durrell, que ao nos narrar a história de Nancy Quiminal leva-nos a conhecer, o instinto animal mais primário do ser humano, com uma escrita de tal maneira visual, que até sentimos o frio da noite e a barbárie a desenrolar-se perante o nosso olhar impotente de leitor.


Ao lermos este terceiro volume ficamos de tal maneira envolvidos com os personagens que, por vezes, nos encontramos a viver as suas próprias vidas, acompanhando de forma entusiasmante as palavras do escritor, desejando o melhor dos mundos para essa personagem chamada Nancy que nos cativa os sentidos e terminamos por descobrir que o seu destino, que foi traçado pelo seu criador, se irá revelar bem trágico.

Ah! Como gostaríamos de mudar o sentido das palavras!

Mas imaginemos que isso seria possível, o que farias tu, leitor?

Eu, que me encontro aqui a “teclar”, iria transformar a morte de Nancy num sonho ou, melhor, num pesadelo nascido nessa noite em que adormeceu mais uma vez cheia de fome, e assim impediria que a populaça incitada pelo ódio irracional, atiçada e manipulada por mentes retrógradas e mesquinhas a matasse, como sucede no final do terceiro volume de "O Quinteto de Avingnon".

"Constance ou Práticas Solitárias" / "Constance or Solitary Practices" de Lawrence Durretll é de tal forma intenso que quase não nos deixa dormir.

Rui Luís Lima

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